Começo de nós dois

Estar com você sempre foi algo muito assim, digamos, problemático. Mas essa vontade de nós dois sempre existiu.
Lembra-se de quando éramos mais novos, você ainda namorava aquela fulaninha, magrela, loira, dentes tortos, completamente esquisita, tinha os cabelos lindos, sempre os invejei, não pela cor, mas pelos encaracolados dele. Lindo. O meu cabelo era negro, liso e muito ralinho, cortava-o em lua cheia para que ele crescesse mais volumoso, hoje em dia é bem melhor. A menina nunca foi com a minha cara, apesar de nunca termos nos tocado, quero dizer, daquele jeito que você bem sabe, no fundo ela sabia que havia algo muito maior do que amizade.

Nossos olhos se encontraram apaixonados pela primeira vez quando fomos ao cinema, tinhamos escolhido um filme pra assistir, mas estava muito cheio, resolvemos procurar um outro qualquer só para pertubar as pessoas dentro do cinema. Sua namoradinha detestava esse tipo de coisa, olhava pra gente enojada de tal situação, ela se achava adulta e madura demais. Tadinha. Mal sabia que começava a te perder aí. Fui pegar a pipoca dentro do pacote, ao mesmo tempo veio você, sua mão sem querer enlaçou-se nas minhas, os risos cessaram no mesmo instante, você me olhou e eu sorri sem graça, deixamos quieto e voltamos a tacar as pipocas. Daí em diante, sempre que lhe via, não encontrava palavra alguma pra dizer, você quebrava o gelo todas as vezes.

Você já não aguentava mais a menina, vinha em minha casa todas as noites para reclamar. Íamos para o meu quarto porque ela poderia passar e te ver comigo, o que te traria mais problemas. Você dizia que ela era uma chata, não era engraçada, te ligava o tempo todo. Começaram as comparações comigo. Você se perguntava o por que dela não ser que nem eu, até que começou a se perguntar o por que de eu não ser sua namorada. Realmente isso não fazia sentido algum.

Não resistimos. Nos beijamos fervorosamente, você me beijava, se declarava, dizia que queria ficar comigo e me beijava de novo. Com mais vontade, com mais desejo. Desejo esse que não iria ser saciado só em beijos. É só fechar os olhos que eu vejo cada detalhe, cada toque, cada mordida. Puxou meus cabelos com uma delicadeza selvagem e enlouquecedora. Eu só queria tirar suas roupas, enquanto você já tinha me deixado nua. Nua e toda sua. Sem hesitar, sem recuar. Totalmente entregue. Você levantava minhas pernas - desde que nos conhecemos, diz que pernas tão bonitas quanto as minhas, nunca há de conhecer - Você dedilhava pela minha cintura e depois agarrava com firmeza. Que delícia foi. Nesse dia eu conheci cantos do meu quarto que nem imaginava. Me disse coisas que eu não ousaria repetir, não aqui nessa conversa. No nosso quarto, na nossa cama, no nosso chão ou em qualquer outro lugar que seja só nosso. Aí sim.

Comentários

Lê Fernands disse…
ahhhhhhhhhhh, como a paixão transforma tudo!!!



rsrs bjs meus
Felipe Braga disse…
Um querer tão profundo assim pulsa no peito só de lembrar. Só de ler.

Dá pra notar as etapas do texto. E o desfecho, ah!, o desfecho... Coisa linda.

Beijos.
Maria Midlej disse…
Woooow, que boniteza esse querer imenso que passa por tudo, ein? Eu acho bonito. u_u

Gostei de como escreveu, carlita. Foi passando suavemente do inocente ao fervor. HAHA Amei :)
Michele disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Michele disse…
Carlinha, quanta paixão! Não há diferenças, tão pouco dificuldades que resistam a um amor intenso como esse!

Querida, estamos todos bastante ansiosos por aqui sim. Mas logo, como você disse, estaremos com a pequena nos braços!

Obrigada pelo carinho, viu?
Tudo de bom pra você nesse finalzinho de ano!

Beijos nossos!
Anônimo disse…
Tesão, essa coisa de instinto! O cheiro, a respiração, o toque.. toda a delícia que é vivenciar um prazer tão absoluto que não se pode frear e, mesmo que se pudesse, não frearíamos. Um entrega total pro desejo de ser sem porquês. Dar. Receber.

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