Um apego: você

Passei o domingo inteiro tentando não lembrar, fingindo não me importar, mas não teve jeito, a cor dos seus olhos sempre invadem a minha mente quando fecho os meus. É como correr para fugir de algo e acabar voltando ao mesmo lugar. Esse lugar, no caso, é você e o que eu não queria que despertasse em mim.


Uma vontade de ter aquilo que não posso. E mesmo que pudesse, não deveria querer. Porque é errado. Você é insanamente errado, um mau caminho que despertou todos os meus desejos por perigo e me atiça com todos os tipos de joguinhos, esses que já sei de cor, mas caio. Ainda me instiga com essa cara de bobo disfarçada de maldade, cara essa que sabe me devorar inteira, sem nem me tocar. 


Então, com os meus olhos, desenho os teus lábios, que mais parecem dançar com os meus quando nos entregamos aos nossos beijos. A gente não perde o passo e o tempo parece congelar para caber nesse momento de nós dois. Essa dança que nem ensaiamos, mas o ritmo parece já ser tão intimamente conhecido.


Mas às vezes queria viver um filme, tipo do Joe e da Clementine, para apagar essas memórias que me fazem viajar para lugares já vividos. Como apagar você revirando na cama à noite para cheirar os meus cabelos, dar beijos na minha testa e me desejar boa noite. Ou você se encaixando em mim ou tentando me encaixar em você numa conchinha gostosa demais. Ou sua massagem em meus pés depois de um dia foda. Ou tantas outras memórias...


Talvez eu passe por você amanhã, consiga te dar um sorriso e disfarçar essa dificuldade de não lembrar você. Agora entendo bem a minha memória ruim, ela reserva espaços para apegos imaginários... E é o que você é... Bem... Pelo menos eu prefiro acreditar que seja isso, será mais fácil assim.


p.s.: escrevo para não mais guardar você dentro de mim!

Comentários

Cassiano Lima disse…
Tenho usado a pandemia para usar melhor o tempo, curtir cada minuto, segundo, hora. Acredito que tá na hora de desacelerarmos. Ótimo texto.